terça-feira, dezembro 21, 2010

Michael

Imagine a seguinte situação: Você é um artista, perfeccionista ao extremo e de repente vê o seu arquivo secreto de obras inacabadas sendo aberto e retocado por um grande time de profissionais, que têm carta branca para fazer o que quiserem com a sua obra, desde que cumpram o prazo do lançamento para a época de vendas do natal.

Bom, isso é mais ou menos o que está acontecendo. A Sony Music lançou na semana passada o álbum “Michael”. Uma coleção de 10 músicas não necessariamente novas, mas que o Michael Jackson deixou incompletas ou sem um toque final de produção. Muitas delas foram simples descartes, já outras talvez fossem cartas guardadas para futuros projetos. Antes mesmo de ser lançado, o disco já levantava polêmicas sobre a autenticidade dos vocais de algumas canções. A família do cantor reforçou a tese dizendo que realmente era um “sósia” que cantava em algumas faixas e pronto!! Mais uma vez, criado o rebuliço. Do mesmo jeitinho que o Michael fazia quando estava perto de iniciar um trabalho de divulgação.

O fato está dividindo os fãs. Há aquela corrente que acredita estar escutando Michael no mais puro estado e escutaria ainda que fosse um sósia cantando. Uma simples recordação e reaproximação com o ídolo já valeria a pena. Há também os mais radicais, que acham um crime consumirmos este tipo de som distorcido e de autenticidade duvidosa, fruto da ganância das gravadoras e quebra total de privacidade. O detalhe é que para saberem que era lixo, eles tiveram de escutar, comprando o álbum ou baixando as músicas. Então, já são pecadores também!! Rsss.. Alguns dizem que se Michael Jackson escutasse o que estão fazendo com as suas músicas, morreria de novo. Eu concordo em parte com todos.

Eu acho sim, que na garimpagem tem muita coisa que não chega a ser empolgante, mas bastante interessante. Seria uma pena os fãs ficarem sem conhecer algumas dessas pérolas. Realmente, há pelo menos 3 canções que levantam seríssimas suspeitas sobre quem realmente está cantando. O trabalho de reconstrução que fizeram em algumas também descaracterizou a marca registrada de Michael. Exageraram na dose das interferências, não sei se com a melhor das intenções. O fato é que seria mais válido em alguns casos apenas colocar as demos cruas no CD. Seria mais autêntico.

O resto é o bom e velho Michael, num repertório que dosa canções dançantes com a energia de sempre e outras mais lentas, excelentes. Vale o dueto com o cantor Akon na música Hold My Hand, que vazou há 2 anos atrás, mas está com nova roupagem. Muito intrigante a parceria berrante dele com Lenny Kravitz na roqueira Another Day. Monster é uma faixa contagiante que ficou engavetada e vale a pena uma conferida. De resto, Keep Your Head Up (maravilhosa, mas que ainda não me convenceu 100% de que é o próprio MJ cantando ), Much Too Soon e Best of Joy são um verdadeiro presente de natal antecipado.

Best Of Joy tem um sentido todo especial. É a única da safra de canções que Michael estava compondo pouco antes de partir. Fez o meu coração acelerar com a sua letra que fala de amor, simples e puro. Intensa, emotiva, cativante, poderosa. Uma clássica de Michael Jackson, como há tempos não surgia. Grudou desde a primeira escuta e não sai daqui da minha cabeça há 5 dias. E isso tem me deixado feliz demais!

Após tamanha análise, digo que se não fosse a paranóia instalada, eu estaria delirando até o momento com esse CD, pois é uma excelente prova de que por menos inspirado que estivesse, MJ tinha o poder de fazer brilhar tudo o que tocava.“Michael” , é o tipo de álbum que deve ser escutado. Afinal, nunca é demais lembrar desse cara!!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Filme de cão faz chorar...


Sábado passado eu já tava entediado. Tava passando pela sala (essa aqui é clássica), e acabei vendo a novela das oito. Logo o episídio em que a Diana, a mulher que sofreu até não poder mais, vai parir, mas acaba morrendo de hemorragia no útero. Tristeza sem fim. O pior é que a patroa já sabia o final. Eu briguei até o último instante , apostando que a Diana não ia morrer, mas não teve jeito. Mais uma vez as revistas de fofoca acertaram na mosca.

A NET a gato daqui às vezes fica fora do ar. O Domingão todo sem TV até que foi legal. Passo o dia todo sem maiores atrações, mas feliz da vida, quando finalmente lá pelas oito da noite o sinal volta e tava começando um filme que prometia: Sempre ao Seu Lado. Putzz... filme de cão na linha de Marley e Eu. Quer me fazer chorar, me coloca pra assistir um filme com cão, ainda mais quando rola morte. No tenebroso ano de 2007, após perder um cão, eu caí na asneira de comprar o livro Marley e Eu. Me fudi. Em 2008, passei uma boa vergonha quando tive uma crise de choro, que chegava aos soluços, vendo esse filme no cinema.

Mas vamo ver esse filme, com Richard Gere. Vamos ver no que dá. Baseado em fatos reais, estragando qualquer tipo de surpresa, só de vingança: Um AKITA que tem uma ligação tão forte com o dono, que todo santo dia fica esperando o mesmo chegar na estação do trem para acompanhá-lo até em casa. O negócio era tão forte que o cão pressentiu no dia que o dono ia morrer. Fez tudo o que pôde pra ele nao sair de casa, mas não teve jeito. Ele morreu! E aí, começa a angústia. Dia após dia, por 12 anos, o cão vai no mesmo horário esperar o dono na estação de trem, em vão. Acaba morrendo de velhice nessa jornada. Angústia, tristeza. Que fim de domingão...

Aí começamos a segunda-feira em grande estilo. Até que ao caminho do trabalho, o miserê: Quer ver cachorro morto, trabalhe pros lados de Santo Amaro. Pegue aquela Marginal Pinheiros sentido Santo Amaro na altura da ponte Estaiada todo santo dia. Aquele acostamento da esquerda é um cemitério de cães atropelados. Oh, tristeza miserável a cada dia que passa você ver um novo cão morto e de quebra ainda acompanhar os cadáveres que ali ficam até decompor por completo. E não tem quem faça a retirada dos mesmos. Oh retratozinho, desgraçado dessa selva de pedra!

E assim começa a minha segunda-feira. Tudo por culpa da TV. Vamos ver se os aconecimentos “vareiam” pra dar uma alegrada, mas por enquanto, filme de cão eu não assisto não.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

NOMES EXÓTICOS


Era uma vez um rapaz, que movimentava cargas numa obra lá em Guarulhos, chamado Cristio Mendes Garcia. Um dia ele casou e teve dois lindos filhos, batizados com referência no seu exótico nome e quem sabe algo mais:

CRYSTIAN JUNIOR MENDES GARCIA (E tem que levar um Y no lugar do i)

CRYSTOFFER ISAIAS MENDES GARCIA (seria o finado Cristopher Reeve, o Superman?)

Tinha outro rapaz também, que montava andaime lá numa obra de Maceió. O nome dele era José Carlos dos Santos. Se enrolou, teve uns filhos na praça cujos nomes foram escolhidos com muito esmero e quem sabe admiração por algum artista famoso:

KETELOHANE DE ARAUJO SANTOS (Esse até que é bonitinho...)

KEVEN JONES DE ARAUJO SANTOS (Clone do KevEn Costner)

KETLYLAINE JENNYFFER DE ARAUJO DOS SANTOS (Esse nome aqui deu trabalho pra pronunciar, mas estou treinando e ficando cada dia melhor)

E pra finalizar, lembrei também de uma moça muito legal que cuidava lá de casa. Todos a conheciam como Creuza, até o dia em que precisamos fazer uma cópia da sua identidade e lá tinha escrito CLEUZA.

Questionamos, e ela prontamente respondeu:

- É que meu nome realmente é escrito com L, mas se pronuncia com R mesmo. CREUZA!!!

Originalidade e critaividade que desafiam as regras da fonética!!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

POLISHOP – A sua vida vai mudar!


Amo ver as propagandas da POLISHOP e os seus produtos maravilhosos e milagrosos. Por pouco não compro um vaporizador que prometia limpar os cantos mais difíceis da minha casa sem o menor esforço. O melhor são os brindes que vêm no pacote. Você compra uma coisa e ganha mais um milhão de Kits por um precinho que só leso não vê aumentar. Eu já estava calculando quanto tempo da minha vida iria ganhar se realmente o produto cumprisse o que prometia. Bastava passar o vapor e tava tudo limpo e esterilizado. Lindo demais!!!

Daí , fui pesquisar na internet e vi que tinha um monte de gente devolvendo o produto. Eles falavam que um pano molhado limpava melhor. Bom demais pra ser verdade.

O que sempre me chamou a atenção foram os produtos para cuidar do corpo. Uns aparelhos loucos e revolucionários que prometem milagres. Eles colocam corpos saradíssimos ali pra vender o peixe e tentam, tentam e tentam...

Hoje tava passando na TV uma máquina que lembrava uma esteira, mas que fazia o corpo tremer por completo. Segundo eles, aquilo seria suficiente para fazer músculos firmes sem o menor esforço. Lembro que um monte de gente comprou aquela cinta que provocava contrações no abdômen, mas até hoje eu não vi ninguém ao vivo e a cores que tenha ficado com a barriga sarada usando uma daquelas.

Mas o efeito psicológico também conta. Uma vez a coroa toda metralhada de um certo prédio começou a usar AB shaper , somente por 5 minutinhos todo dia. Empolgada com os resultados, comprou também uma cinta que diminuía 7 números do seu manequim e no pacote, ganhou um shampoo que alterava o DNA dos cabelos, deixando-os incrivelmente diferentes .Passou a tomar religiosamente o suco do juicer revolucionário e até perdeu uns quilinhos . Ela estava se sentindo a rainha quando se engraçou logo pros lados do Joselito, o porteiro que pegava todas. Não demorou muito e eles tiveram um caso.

Creio que ela atribuiu a conquista aos milagres da Polishop e se for perguntar pro Joselito se ela realmente o seduziu pelos novos atributos, bom... qualquer ser humano que faça sombra já é bastante interessante pro Joselito. Mas com ou sem os produtos Polishop, a coroa foi feliz e confiante por um bom tempo. Até o juicer começar a emperrar... daí parou de rolar o suquinho que era o chamariz pro Joselito ir até o seu AP. E o resto, quem souber morre!!

VAMOS TIRAR O COLETE!!!


A guerra contra o tráfico no Rio de Janeiro até parece uma etapa ou continuação do filme Tropa de Elite. Seria a parte 3? A Linha entre ficção e realidade ficou tão tênue que esta impressão não consegue sair da cabeça. O que fica claro é que a mídia está passando uma idéia imediatista de que o pesadelo já acabou por uma simples ocupação dos morros. Os repórteres da globo e Cia., acompanhando o movimento, vangloriando-se de que foram os primeiros a chegar lá em cima, afirmando que dali em diante era só abrir uma Skol, chamar os amigos e correr pro abraço! Só esqueceram-se de tirar os coletes a prova de balas.

Ô seu Uchoa!! Ô dona Bette Lucchese !!! Vamos provar que tá tudo seguro! Tira essa porcaria desse colete!!

Ora, bolas!! Uma estrutura de poder paralelo que dura anos não se desmancha assim da noite pro dia, por maior e mais organizada que seja uma operação. A quem querem enganar?

Por quê somente agora optaram por uma intervenção tão grande e pesada? Será que finalmente a ousadia dos traficantes chegou ao limite? Eles executaram operações similares muitas vezes antes sem uma resposta à altura. Será que tem a ver com a copa de 2014?? Bingo!

E os nomes que eles estão bolando pra dar mais emoção à operação?? Viva a força libertadora!! Rezemos para que todo o projeto de unidades pacificadoras , aumento do efetivo em número e capacitação, disque denúncia funcionando a mil por hora,tecnologia de ponta... toda essa coisa bonita que eles estão falando, realmente siga em frente.

Vamos acompanhando de perto aí pra ver no que vai dar, sem ser muito bestas. O crime organizado não gira em torno somente do tráfico e um ou dois morros ocupados não são o bastante pra desmantelar uma estrutura grandiosa. Agora, vale insistir na campanha “Vamos tirar o colete!” MEEEXXEE!! Tira o colete, ordinário (a) que eu quero ver !!!

Qual o seu estado de irritabilidade?

Se fosse um sovaco desses, tava bom demais!


Há dias em que nos incomodamos por tudo...

O perfume forte da tia que passa na nossa frente.
A bituca de cigarro ainda acesa jogada na grama, quando a menos de um metro dali havia uma lixeira.

O colega de trabalho que acende a luz da sala de descanso, com meia dúzia de pessoas dormindo. Ele queria ler, e não estava muito afim de consultar os outros.

A catarrada cuspida no mictório. O banheiro tem pia, tem privada, tem lixeira, mas o espertinho achou mais legal deixar a sua marca num local mais evidente.Você tenta fugir da visão do catarro e procura uma privada. Mas que péssima idéia!!! Lá o que te aguarda é uma monstruosidade de cocô, que parece ter adquirido vida própria e vai pular na sua direção a qualquer momento.

O calor, o empurra-empurra, esfrega-esfrega no trenzão. O cara de camiseta, mais alto do que você, passa o sovaco todo suado e fedorento pertinho da sua cara!!

O pagode em volume altíssimo do rapaz que exibe o seu carro na porta da lanchonete enquanto toma algumas.
É , meu pai.......

Juro que se fosse outro dia, se eu tivesse mais normal, mais eu, poderia rir de tudo isso. Mas hoje, desandou. Que amanhã a maratona seja mais branda, ou o espírito do guerreiro esteja mais preparado para as fortíssimas cenas do cotidiano.

Amém, irmãos!

domingo, outubro 24, 2010

Os Cranberries em Sampa - 14/10/2010


Sou suspeito para falar de uma banda que foi a trilha sonora dos mais diversos momentos da minha adolescência. Portanto, aqui vão as minhas impressões estritamente pessoais sobre a noite de 14/10/2010. A noite em que pela segunda vez no ano Os Cranberries pisaram no palco do Credicard Hall SP para mais uma maravilhosa apresentação. Eu jamais sonhei sequer com a vinda desta banda ao Brasil. Eis que desta vez eu estou no lugar certo e no momento certo da minha vida. Tudo conspira a favor e naturalmente temos que fazer acontecer!!

Valeu a pena o alto valor do ingresso, comprado de última hora e também ter ficado quase 2h na fila que fazia caracol, num frio de doer os ossos e uma chuva que ameaçava a todo instante e felizmente não caiu. Consegui uma perfeita colocação na pista nos pobres. Bem encostado na grade, porém descontente com a área da Pista VIP logo à frente. Deixo aqui a minha opinião a favor da extinção desta faixa de discriminação. No local onde eu estava, em particular, vi fãs ardorosos privados de uma maior proximidade, a mais de 10 metros dos seus ídolos e uma área VIP grande e com espaços vazios, com pessoas que não eram tão fãs assim, mas tinham um pouco mais de dinheiro ou condições de reservar os seus tickets com antecedência.

Mais de 1h e meia de espera lá dentro e finalmente lá estava eu diante deles. Diante de Dolores O´Riordan, que continua linda, cheia de brincos, estilo e atitude na sua baixa estatura. O tempo que eles deram nas suas carreiras fez muito bem para todos. Ela sustenta agora uma aparência mais saudável e ótima forma, muito longe da frágil aparência que possuía quando estavam estourados, já no seu quarto álbum no final dos anos 90.

Fora problemas técnicos que não foram melhorados ao longo do show (as vezes ninguém ouvia a sua voz nem alguns instrumentos) , tudo correu na mais perfeita harmonia. Eles começaram a noite detonando um HIT atrás do outro, num ritmo alucinante, sem direito a firulas nem solos infinitos. Era só uma aguinha, trocar de guitarra e lá estavam eles encantando novamente. Até as baladas ao vivo ficaram num compasso mais acelerado, em sintonia com a vibração e ritmo frenético da platéia. Nesse ponto, eles independente da dimensão que tomaram, continuam puro Rock andRoll.

A Dolores mostrou-se super receptiva aos fãs, arranhando um obrigado cheio de sotaque e aceitando todo tipo de tralha, de bonecas de pano, desenhos, a bandeira do Brasil, balões, etc. Canções como Animal Instinct, Linger, Just My Imagination e para a minha surpresa, as mais pesadas como Promises e Desperate Andy, que fizeram a galera pular do início ao fim, foram os pontos altos do show, que rolou por uma hora e meia.

Me surpreendi com a familiaridade que as pessoas do meu lado tinham com as músicas, principalmente as menos conhecidas, afinal, quase ninguém conhece ou não associa os Cranberries às suas músicas. Os gritos histéricos de algumas descabeladas perto dos meus ouvidos foram prova disso, ou elas estavam loucas demais. Outro ponto que observei: O que se passa na cabeça de uma pessoa que paga caro por um show e fica lá parecendo uma estátua, as vezes de braços ao alto, filmando tudo, atrapalhando os outros e sem curtir um segundo como deveriam curtir. Sou um apaixonado pela fotografia, mas nestas ocasiões eu prefiro sentir o show e deixar a máquina em casa.

Os Cranberries são uma banda sem frescura alguma desde o início. Eles vão contra as formalidades da indústria musical desde o tempo em que uma música nova era guardada a sete chaves para seu lançamento mundial, com campanha de Marketing, clips e execução nas rádios, tudo agendado bonitinho. Seguindo esta tendência, no finalzinho do show eles nos presentearam com uma nova música chamada Astral e para delírio dos que compreenderam o sotaque da Dolores, ela falou que nos vê no ano que vem. Tudo indica que eles entrarão em estúdio novamente e o que seria uma turnê só pra matar a saudade, foi a semente para que fossem gerados novos frutos entre os integrantes da banda.

Eu sempre admirei a forma como Os Cranberries encaram o estrelato. Souberam a hora de fazer pausa entre álbuns, parar para ter filhos, para dar um tempo deles mesmos. Dosaram tudo perfeitamente e hoje estão aí... podem não ser a banda mais conhecida do mundo, mas para mim eles continuam magníficos!! E que venha novo álbum e novo show ! E no próximo eu só fico satisfeito se estiver na primeira fila e tomar uma cuspida da Dolores!!

*Agradeçimentos aqui ao grande Marcelo, que privilegiado por estar na pista VIP, conseguiu tirar estas e mais outras belas fotos, além de ter me dado uma carona massa até em casa!

sábado, outubro 23, 2010

Gargalhadas...


Tem coisas que nos fazem rir, até gargalhar, independente da circunstância. Eu gargalho com qualquer episódio do Chaves, não importa quantas vezes já tenha assistido. Acho que a Record identificou este mesmo fator Gargalhada por Besteirol com “Todo mundo odeia o Chris”. Eles repetem aquilo inúmeras vezes, mas eu continuo rindo das situações do seriado.

O que conseguiu me desencadear o mesmo fenômeno esta semana foi a bolinha de papel e o rolo de fita crepe que o José Serra levou na cabeça. Ver a bolinha de papel pulando naquela cabecinha de extraterrestre e depois de muito tempo ele levando a mão à cabeça sem nenhuma expressão de dor...

Depois saber que aquilo gerou uma ressonância magnética e repouso recomendado de 24h...

Em seguida, toda a polêmica e circo que foram criados e principalmente o infeliz depoimento do Lula e os inúmeros Replays da bolinha pulando na cabeça do Serra, sendo analisadas friamente por um perito, foi tudo cômico demais! Continuo rindo só de lembrar!!

Nunca mais eu tinha sido presenteado com bons momentos de gargalhada, desta vez, talvez por um motivo no fundo não digno disso, mas não importa. Rir, é o melhor remédio pra tudo nessa vida. Isso me fez lembrar as inúmeras guerrinhas de bolinha de papel que rolavam nos tempos de escola. Já estou imaginando essa garotada descobrindo que se for atingida por uma bolinha de papel, fica 24h de repouso em casa. Eles vão guerrear pra valer! Será o terror para os pobres professores.

Os políticos são mesmo adoráveis!!! Estes atores disfarçados já provaram que são capazes de nos trazer à tona todo tipo de sentimento, que não somente indignação, raiva e desapontamento.

Desta vez, o Serra nos arrancou mais sorrisos que o Tiririca!!

E a comédia continua...

sexta-feira, outubro 22, 2010



Aqui, faço uma propaganda de graça para o Yahoo!

Essa foto é Linda Demais. Que mulher! Que cores!! Que tattoos !!! (verdadeiras ou não...)

Parabéns pelo bom gosto, Sr. Yahoo!!

quarta-feira, outubro 13, 2010

Viva os Mineiros!!


Finalmente já estão acabando de resgatar os Mineiros!!! A operação está sendo um sucesso, mas até agora o pessoal não conseguiu matar a curiosidade. Como tanto mineiro foi parar lá nos cafundós do deserto do Atacama, no Chile?? Imagina quanta sola de sapato esses mineiros gastaram pra debandar das Minas Gerais até lá...

E a maior preocupação até ontem era esses caras saírem de um calor infernal lá em baixo e pegarem o frio congelante do deserto à noite. Deus ajude que não acabem estoporados!

Eh, meu pai!!! Depois do resgate, todo mundo vai querer passear na cápsula Fênix. Vai ser o tubo de metal mais famoso dos últimos tempos!

E do jeito que estavam falando, pensei que os caras iam sair de lá debilitados e que nem uns mendigos. Que nada! Felizmente muitos tinham a barba feita e todos estavam com óculos de surfista. O sofrimento acabou! Agora é correr pro abraço!!!

segunda-feira, outubro 11, 2010

Não estudou...

Tropa de Elite 2


A procura estava grande e o cine tão disputado em pleno feriadão, que por pouco não sento na primeira fileira (Primeira fileira em cinema, nem deveria existir) mas qualquer esforço valeria a pena. Mais uma vez fui ver o filme sem saber muito sobre esta continuação. Só tinha a referência da versão pirata do tropa de Elite 1, que adorei, mas não aderi à tremenda febre – inclusive de bordões - que pegou a maioria do povo há 3 anos atrás.

O que dizer desta segunda versão? Sensacional, extraordinária, intensa e muito melhor do que a primeira!! Há muito tempo não saía de uma sala de cinema com a alma lavada, tão empolgado com o resultado de uma obra e ao mesmo tempo afetado, indignado e me sentindo até parte do contexto, que como afirma o prólogo, não é tão ficcional assim.Tropa de Elite 2 é muito mais do que um filmaço de ação e uma saga contra a criminalidade. As cenas fortes são presentes aqui, mas diante do todo servem apenas como mais uma forma de registro nú e crú, de uma realidade que vai sendo escancarada gradativamente.

Primorosamente, em cada pequeno detalhe, do início ao desfecho final, tudo é montado de forma a deixar o espectador cada vez mais tomado pela história. Polícia, política e mídia são metralhados aqui de forma convincente. A tensão que cresce a cada acontecimento do filme nos deixa a ponto de querer ficar de pé. A gente fica num estado indignação sem igual, torcendo pelos mocinhos e querendo detonar os inúmeros vilões, que agora não são apenas traficantes, mas deputados, governadores, policiais corruptos e Cia. E não importa os requintes de crueldade. Somos tomados pelo sentimento de fazer justiça com as próprias mãos a qualquer custo. E ainda bem que existe o capitão Nascimento!

O peso emocional atribuido ao papel do capitão, divinamente interpretado por Wagner Moura, adquire nuances muito mais fortes. Em pleno conflito familiar e existencial, ele toma consciência de que no final das contas ele é parte do tal “sistema” contra o qual afirma lutar. Sob a visão do personagem, o contexto passa da tese para a antítese e o sofrimento solitário do capitão tido como casca grossa, em certo ponto da história, consegue fazer com que os espectadores derramem as lágrimas que ele deveria derramar, mas bravamente, dentro dos seus princípios que contrariam a natureza humana, não o faz.

E é com esta história forte e coesa e suas chulapadas para todo lado, que o filme cativa e prende. Sem maiores comentários!! Vá ver, que é melhor!!!!! Tropa de Elite, osso duro de roer.................

quinta-feira, outubro 07, 2010

Diamante negro, Fabiana Cozza via Yahoo! Colunistas



Diamante negro, Fabiana Cozza via Yahoo! Colunistas: "

“Ele é o Louis Armstrong brasileiro”, sentenciou o “negro gato” Luiz Melodia ao ouvi-lo pela primeira vez. O dono da voz nasceu no Garcia, bairro boêmio da antiga Salvador. Chama-se Aloisio Menezes.

"

sexta-feira, setembro 24, 2010

segunda-feira, setembro 13, 2010

Música das boas!!!


O já consagrado músico do cenário baiano, Sérgio Passos, conhecido na voz de cantores e bandas que vão de Chiclete com Banana, Netinho até Ivete Sangalo, chegou na praça no último mês com o seu primeiro disco, Linha 8 Soul.

Com a direção musical de Guilherme Arantes e parcerias muito bem selecionadas, o trabalho é marcado por uma produção impecável. Isso fica evidente para quem já acompanha a carreira de Passos e conhece as versões anteriores das ótimas “Peixe Ali na Mesa” e “Bang Bang”. A sonoridade atingiu um outro nível, com arranjos mais sofisticados e espetaculares.

"Bang-Bang", ficou num compasso diferenciado da música anteriormente gravada, com metais extraordinários e uma puxada funk contagiante. É a parte dançante marcando presença fortíssima no repertório. Na faixa "Deixo", canção super tocada e premiada, gravada pela diva do Axé Ivete Sangalo, o cantor brilha com a mesma intensidade, pondo alma, energia e mais um pouco. Alás, o que não falta é vibração neste disco. O rapaz colocou todo “ feitiço, pemba, reza...” e a mistura está impecável.

A música que dá titulo ao álbum é um doce samba, que deixa qualquer Baiano conhecedor dos locais cantados por Sérgio, orgulhoso de ser parte da inspiração e da boa música que ainda se produz na terrinha. Soa como referência ao grande Gilberto Gil na estrutura, timbre e arranjos vocais, aqui com a presença do Jorge Papapá, grande parceiro na autoria das canções do disco. Na porção mais poética deste seu trabalho, Sérgio Passos apresenta a perfeita “Taça de Cristal” e a calma continua reinando e pegando como febre em Baladas como “Nú” e “Vá”.

Em Linha 8 Soul, o músico mostra-se super versátil, passeando com familiaridade pelos mais diversos estilos musicais, mesclando tudo com muita sensibilidade. O resultado é um disco maravilhoso, enxuto e com fantástico e não-forçado apelo popular. Os refrões grudam com facilidade e o ritmo forte só nos deixa com vontade de escutar tudo novamente.

Empolgação a parte, seguramente o álbum tem potencial de sobra para agradar um amplo público e fazer muito sucesso.Seriam apenas mais alguns hits certeiros vindos de um já hitmaker que até o momento ajudou alavancar o sucesso de muitas estrelas da industria musical baiana, mas agora encarna e interpreta as suas próprias criações, pondo o seu talento na vitrine. Linha 8 Soul é a prova viva de que a música baiana é muito mais ampla que a fechada e rotulante indústria do Axé e do entretenimento de massa. Vale a pena conferir!!!

Por Maurício Sampaio

Muito mais aqui:

http://www.sergiopassos.com/

www.planetaguilhermearantes.com/sergiopassos.htm

Ouça as músicas na entrevista de lançamento. Rádio Educadora.


quinta-feira, setembro 09, 2010

Seus problemas acabaram!

Semana passada me deram este panfleto pelas ruas. Achei oportuno colocar aqui. De repente alguém precisa da Dona letícia pra algum trabalho. Vai saber???

Em tempo, só esqueci de perguntar se ela já cura viadagem. kkkk








segunda-feira, agosto 23, 2010

O Espremedor de Espinhas...



Ainda hoje quando me perguntam se sou realizado profissionalmente, se amo o que faço, definitivamente não vou saber responder. Tenho a certeza de que isso acontece com você também, não é mesmo?

Certo dia, fazendo uma das coisas que mais gosto (estourando espinhas das costas alheias) foi que tive idéia do que seria passar a vida fazendo algo realmente prazeroso.

Espremer espinhas é tudo de bom!! Quem não faz isso que atire a primeira pedra!! Pode dizer que é nojento, que algumas fazem "tchump" emelecando tudo, inclusive algumas saem com tanta pressão que batem no espelho e até podem quebrá-lo. E daí? Pode falar o que quiser que o meu gosto e o de muitos em espremer espinhas não vai mudar.

Chega a ser paradoxal a questão das espinhas. Todos gostam de espremer mas não gostam de tê-las. No fundo, você pelo menos uma vez na vida ficaria super feliz ao se deparar com uma espinha gigante no rosto e espremê-la com todo gosto. No seu íntimo, você deseja sempre ter uma espinha no rosto pra se distrair, mas a pele marcada vai te deixar mal e o ciclo começa novamente.

Alguns gostam de espremer as próprias, mas espremer as dos outros é muuuito melhor. Primeiro que se doer, vai ser nos outros e se a pele ficar toda disgraçada, vai ser em "lá ele" e não em você!!

Espremer cravo então... não tem coisa melhor!!!

Aqueles pontinhos pretos!!! Vc vai ali com o unhão sujo espremendo pelas beiradas e bota eles pra subir que nem foguete. Aí fica o poro limpinho e aquele buraco aberto, mas logo passa.

E furúnculo?? Eu já vi cada operação de espremida de furúnculo digna de filme. Um amigo meu que comia muita carne de porco e também não era muito limpinho, volta e meia aparecia com furúnculo pelo corpo. Aí tinha que espremer, tirar o pus todo e continuar espremendo com mais força ainda até aparecer o carnegão, que era uma massa branca meio dura. Quando tirava o miserê todo, ficava um buraco que parecia que ele tinha tomado um tiro e a bala acabara de ser retirada.

Taí!!! Uma profissão que eu faria com prazer seria a de Espremedor de Espinhas. Mesmo se ganhasse merreca eu encararia!! Seria muito satisfatório passar o dia espremendo as espinhas, cravos e furúnculos dos outros. E como eu cobraria? por centímetro quadrado ou por unidade de espinha e cravo espremido? Não sei, não vem ao caso. Trabalharia rindo o dia todo, pois espinha é quase igual e Elma Chips... impossivel espremer uma só.

Êeeeta saudade de escrever besteira, mô pai!!!

quinta-feira, julho 15, 2010

Caso Bruno, coisa e tal...


Nas últimas semanas, fora a copa do mundo, temos nos alimentado quase que exclusivamente de casos policiais como o do goleiro Bruno e o desenrolar do assassinato da advogada Mércia Nakashima. Como as vezes alguma coisa não desce pela garganta, preciso sair um pouco da minha linha para tecer alguns comentários.

Acabo de descobrir, ou melhor, reforçar uma das causas da angústia que tenho sentido: Somos uma sociedade sádica. O sofrimento alheio enche os nossos olhos, nos fascina. É decepcionante ver a satisfação e empolgação com que as pessoas comentam os detalhes sórdidos destes recentes crimes em plena mesa do café da manhã, sem manifestar o mínimo ressentimento. O que importa são os detalhes, a carnificina, as reviravoltas da investigação e, é claro, a possibilidade de julgar aleatoriamente os alvos da vez, sejam estes culpados ou não. A palavra de ordem é “Vamos Julgar!”

Não vou aqui defender de forma alguma o Bruno, muito menos tomar este caso específico como referência, mas vale lembrar que qualquer ser humano está sujeito a cometer um erro ou ser vítima de uma grande armação que aos olhos alheios e com uma centena de “jornalistas” botando lenha na fogueira, torna-se verdade universal. Não paramos para pensar nem por um segundo que muitos criminosos se arrependem de verdade e que só o inferno particular e externo que vivenciam pelo resto das suas vidas valem até mais do que a punição da justiça e do que o nosso julgamento gratuito e induzido.

Com o nosso hábito de julgar, acabamos massacrando todos. O time do Flamengo já começa a sofrer um desgaste extracampo nunca antes visto, pois julgamos toda uma instituição baseada num fato ocorrido com um membro seu. Deveríamos ter em mente que o crime não se transfere aos ascendentes e descendentes dos réus, mas tristemente metralhamos também os familiares. Psicólogos com as suas bonitas teorias na TV dão a deixa sobre a criação que o rapaz teve, e nós complementamos, descendo o pau até na mãe, na tia, nas pessoas que supostamente são responsáveis por criar o monstro. A justiça deve ser feita com rigor, mas a pena aplicada somente àqueles que cometeram o crime. Não sejamos rígidos ao ponto de exigir que pais se envergonhem, se escondam ou mesmo não estejam ao lado dos seus filhos nesses momentos.

Milhares de casos tão ou mais cruéis do que estes que estamos cansados de ouvir falar acontecem por aí a todo instante e ficam sem solução porque não tomaram a dimensão necessária para chegar ao olhos do público. Não envolviam uma pessoa rica nem famosa. Não eram interessantes o suficiente para “vender” ou não possiblitavam a manipulação dos fatos para que se tornassem mais atraentes . Quantas famílias choram até hoje por parentes desaparecidos? E quantas choram por parentes assassinados e que não tiveram o menor suporte da polícia na solução do caso?

Nós somos idiotas, guiados pelo que os veículos de comunicação determinam. Por dias a fio eles só falam sobre aquele determinado assunto e esgotam aquela fonte até a última gota. É fato que coisas realmente importantes estão estourando por aí a todo instante, mas no momento estamos cegos acompanhando a nossa novela da vida real. Com a imprensa na busca de qualquer pessoa com a mínima relação possível com os envolvidos no crime, aposto que não demora muito e as amigas da Eliza, até mesmo as ex-amantes do Bruno, vão começar a receber propostas para posar nuas e quem sabe apresentar um programa de TV. O veterinário que relatou que um cão é capaz de comer carne humana virou o Einstein da hora. E tudo acaba em pizza e falta de reflexão e conteúdo, como sempre!!

E o que fazer? Desligar a TV ou mudar de canal no momento em que começarem com a mesma ladainha, já seria uma boa.Vamos ler um livro! Vamos mudar de assunto ou ficar sem dizer nada!! Ganharemos muito mais cuidando das nossas vidas ou alheios a esta loucura. Precisamos parar de nos deixar induzir e também deixar aflorar os nossos instintos de curiosidade pela desgraça de terceiros. Agindo assim, nos colocamos na situação do criminoso que deixou o seu instinto animal e irracional tomar conta dele num momento de ira e exatamente nesse ponto já não temos mais a “moral” de julgar antecipadamente, sem a mínima capacidade de analisar a situação sob diversos aspectos. Isso é muito cruel e triste não só com os outros, mas com nós mesmos.

O dia em que me senti menos homem

Cena do filme Boys Don´t Cry, com Hilary Swank: Homem afenimado ou Mulher masculinizada?


Escrevo esse fragmento não com a finalidade de debater nem questionar sobre os fenômenos da nova era, mas apenas relatar um fato interessante que me ocorreu um dia desses.

Na estação de metrô (pra variar) aparece na minha frente este rapaz (ou mulher?).Olhar enfezado, cabelo cortado curtíssimo, boné, tattoos e pearcings, calça folgadona que nos impedia ter uma definição sobre o seu corpo. Camisa folgada e tórax quase liso sem protuberâncias típicas do sexo feminino. Mas aquele rosto era muito liso. Seria um super barbear Mach3 ou aquela pessoa não possuía pêlos faciais? Aquela pele era muito fininha, muito lisinha ou o cara se cuidava com cremes de ultima geração? Com esse negócio de metrossexual, Emo, mulher masculina e outras vertentes agente anda se confundindo por aí.

Eu, sempre discreto, acho que tamanha curiosidade, já estava sendo um invasor, tanto que observava tentando chegar a alguma conclusão. Fiquei muito tempo sem conseguir definir e confesso até ter desligado o celular com fone, música e tudo para concentrar-me somente na tarefa de extrema curiosidade mórbida que tomou conta de mim naquele instante. Até que ele(ela?) atendeu o celular e tudo ficou mais claro.

Voz de mulher. Não podia ser um cabra macho de forma alguma, ainda que utilizasse gírias e palavreado indecifráveis, simulando um homem falando, mas de forma ligeiramente forçada. Por mais que tentasse ela não tinha testosterona suficiente pra conseguir um timbre mais viril. Era uma garota com cara de mau e que fazia de tudo pra se passar por um homenzinho. Mas aquela criatura estava me saindo abusada demais!! Tava com um papo de galanteador, conquistador de corações tão grande, que se eu tivesse um caderninho ali eu ia anotar algumas frases e até gírias pra tentar fazer uso se alguma vez fosse necessário. A menininha do outro lado da linha parecia que tava no papo.

Na hora de acomodar-me no vagão, já pronto pra retomar a minha rotina introspectiva com a minha música, chega a mulher macho ou o que quer que fosse e acomoda-se ao meu lado.Tudo bem, ela era até cheirosa! Viagem tranquila até que numa das paradas chega uma mulher bastante vistosa e pára à nossa frente. Como todo mortal, dei a minha discreta olhada de cima a baixo, alternando os intervalos e segui satisfeito, enquanto a menina-homem do meu lado se bulia toda. E suspirava, piscava, até sussurrou silenciosamente a palavra gostosa. Notei que se eu desse trela, iríamos comentar em condições de igualdade, de homem para homem, toda a empolgação ao ver uma mulher daquele porte à nossa frente. Continuei na minha, apenas observando, mas ela estava incontrolável.

Numa atitude que seria típica de um cavalheiro, mais uma vez ela surpreendeu.Cedeu o lugar para a moça que tanto observávamos. Relutante a princípio, a moça sentou-se e dali em diante começou a ser cortejada. A menina-menino tava jogando todas as cartas que tinha na mão, ainda que não tivesse um saco pra coçar. E a miserável sabia quebrar o gelo e ser simpática. A conversa não era idiota, apesar do jeitão e das gírias. Aos poucos a moça bonita foi cedendo ao papo, que num certo ponto ficou até bastante animado. Juro que eu ficaria até onde o metrô parasse e até as seguiria pra saber onde a historinha iria parar, mas não foi preciso. Num certo ponto, a bonitona começou a dar um gelo, não respondendo à mudança de rumo que a conversa começava a tomar e às investidas da destemida mulher-homem.

"Água mole em pedra dura... "

Tudo bem. A destemida não conseguiu atingir o seu objetivo, mas sua atitude foi digna de um garanhão. Se a bonitona fosse uma mulher no mínimo curiosa, simpatizante ou até num estado de espírito fragil, seria presa fácil e confesso, a cena iria fazer muitos homens ficarem inquietos e sentirem-se até um pouco menos homem, exatamente como eu me senti por alguns instantes. Confesso que saí de lá inconscientemente procurando reflexos meus nas janelas pra ver se tava tudo em ordem com os meus traços de masculinidade. A menina-menino naquela dia me deu uma pequena lição, talvez não de estilo, mas de audácia e destemor. Dizem por aí, e até concordo, que “Deus não dá asa a cobra” . No caso, se dessem um pênis para a nossa heroína, aposto que ela teria o mundo às suas mãos.

Abafadinha


Na multidão em movimento lento, espremido, como muitos outros ali.

- Com licença!!!

E lá vai uma filha da mãe sem a menor gentileza passando onde não há espaço, empurrando todos na maior falta de educação.

Pra quê pediu licença, se na verdade não foi isso que queria dizer?

Do jeito como agiu, o "com licença" soou como " sai da frente, porra!"

Essa de usar o " com licença" como desculpa para não dizer que agiu de forma mal-educada, não cola.Não vamos deturpar o significado de uma palavrinha tão gentil e pouco usada!!!

Da próxima, é melhor dar uma de maluco e sair gritando "olha a brasaaaa!!". Acho que o povo vai abrir caminho mais fácil e até se divertir (os que tiverem espírito pra isso).

Ou então, seja assumidamente mal-educada e aguarde as consequências.

Captou, sinha miséria???

quinta-feira, julho 01, 2010

O Uso do "Lá Ele"


O texto que bolei para dar início a este blog, com a sua temática sobre um caso gramatical específico do Baianês, deu-se devido à escassez de bibliografia relacionada ao assunto.Até então, eu não tinha encontrado absolutamente nada sobre o uso do "Lá Ele" e muito menos o uso do sufixo Ivis (ou ives, como tratado no texto abaixo). Visite o mesmo Aqui.

Eis que esta semana, fuçando a internet, encontrei esta preciosidade, um texto científico super completo e competente, que com total desenvoltura disseca o uso desta expressão tão presente no cotidiano baiano. Ele chegou em boa hora pra complementar até mesmo um dos motivos da existência deste Blog.

Crédito:

Sábio do Farol
* Correspondente do MCPA em Itapoan


O "lá ele" é uma das mais importantes expressões do idioma baianês, mais especificamente do dialeto soteropolitano baixo-vulgar. Segundo os léxicos, a expressão significa "outra pessoa, não eu" (LARIÚ, Nivaldo. Dicionário de baianês. 3ª ed. rev. e ampl. Salvador: EGBA, 2007, s/n).

A origem da expressão é ambígua. Alguns etimologistas atribuem seu surgimento às nativas do bairro da Mata Escura, enquanto outros identificam registros mais antigos no falar dos moradores do Pau Miúdo. O certo, porém é que o "lá ele" desempenha papel fundamental em um dos aspectos mais importantes da cultura da primeira capital do Brasil - a subcultura urbana do duplo sentido.

Desde a mais tenra infância, os naturais da Soterópolis são treinados para identificar frases passíveis de dupla interpretação. Da mesma forma, os soteropolitanos aprendem desde cedo a engendrar artimanhas para que seu interlocutor profira expressões de duplo sentido.

Assim, as pessoas vivem sob constante tensão vocabular, cuidando para não fazer afirmações que possam ser deturpadas pelo interlocutor. Para indivíduos do sexo masculino, por exemplo, é vedado conjugar na primeira pessoa inocentes verbos como "dar", "sentar", "receber", cair", "chupar" etc. O interlocutor sempre estará atento para, ao primeiro deslize, destruir a reputação de quem pronunciou a palavra proibida.

Como antídoto para a incômoda prática, o "lá ele" surgiu como uma ferramenta indispensável na comunicação do soterpolitano. Assim, o indivíduo que falar algo sujeito a interpretações maliciosas estará a salvo se, imediatamente, antes da reação de seu interlocutor, falar em alto e bom som "lá ele!"

Por exemplo, qualquer homem, por mais macho que seja, terá sua orientação posta em dúvida se falar "Neste Natal comi um ótimo peru". Contudo, se sua frase for "Neste Natal comi um ótimo peru, lá ele!", não haverá qualquer problema. No mesmo diapasão, confira-se:

(i) se um colega de trabalho enviar um e-mail perguntando "vai dar para almoçar hoje?", não se pode redarguir apenas "Sim"; deve-se reponder "Vai dar lá ele. Vamos almoçar";

(ii) se, na pendência do pagamento de polpudos honorários, um advogado perguntar ao outro "Já recebeu?", a resposta deverá ser "Recebeu lá ele. Já foi pago";
(iii) ou, ainda, se alguém tiver a desdita a desdita de nascer no citado bairro do Pau Miúdo, o que poderá transformar sua vida em um interminável festival de chacotas, deverá sempre valer-se da ressalva: "eu sou do Pau Miúdo, lá ele".

Para melhor compreensão da matéria, reproduz-se abaixo um exemplo real, ocorrido no último domingo durante a transmissão do épico triunfo (vitória é coisa de chibungo, lá ele) do glorioso Esporte Clube Bahia sobre o Atlético de Alagoinhas:

- Locutor: "Subiu o cartão amarelo?"

- Repórter: "Subiu o amarelo e o vermelho."

- Locutor: "Mas você está vendo subir tudo!"

- Repórter: "Lá ele!"

Note-se que o "lá ele" pode sofrer variações de gênero e número, de acordo com a palavra que se pretende neutralizar. Se, antes de uma sessão do TJBA, alguém perguntar "Você conhece os membros da turma julgadora?", deve-se objetar com veemência: "Lá eles!". Ou se o cidadão for à Sorveteria da Ribeira e lhe perguntarem "Quantas bolas o senhor deseja?", é de todo recomendável que se responda "Duas, lá elas, por favor".

A cultura duplo sentido oferece outros fenômenos da comunicação interpessoal. Veja-se, a título de ilustração, o sufixo "ives".

Em Salvador, não se pode falar palavras terminadas em "u", principalmente as oxítonas. Independentemente de sexo, idade ou classe social, o indivíduo poderá ser mandado para aquele lugar (lá ele). A pronúncia de uma palavra que dê (lá ela) rima com o nome popular do esfíncter (lá ele) será prontamente rebatida com a amável sugestão. Para fazer face ao problema, a vogal "u" passou a ser costumeiramente substituída pelo sufixo "ives".

Destarte, o capitão da Seleção de 2002 é tratado como "Cafives"; o Estádio de Pituaçu virou "Pituacives"; o bairro do Curuzu se tornou "Curuzives"; a capital de Sergipe sói ser chamada de "Aracajives"; e as pessoas que atendiam pela alcunha de Babu, com frequência utilizada na Bahia para apelidar carinhosamente pessoas de feições simiescas, há muito tempo passaram a ser chamadas de "Babives".

Um alentado estudo do "lá ele", que tem outras aplicações práticas além daquelas ora examinadas, pode ser encontrado na obra
http://ohsuamisera.blogspot.com/2008/10/oxente-rapaz-l-ele.html.

Para o "ives", recomenda-se o estudo de http://www.bbmp.com.br/?p=399,

que inclusive analisa a relação do sufixo com a expressão "lá ele".

Sábio do Farol*
* Correspondente do MCPA na Primeira e Mais Bela Capital do Brasil

Caro Amigo,

Como a tecnologia aqui onde estou ainda não envia E-mail pra outras dimensões, espero que esteja lendo isso de onde quer que esteja.

Eh, Michael! O tempo ta voando! 1 ano sem você aqui neste plano, meu camarada!

Juro que não vou ficar aqui lamentando a sua partida, mas preciso dizer que foi, ou melhor, tem sido barra. Foi como perder um parente ou coisa tão amada quanto.Alguém que eu acompanhava desde que me entendo por gente.Paradoxo é que esse alguém nunca teve cara a cara comigo, mas a missão atribuída a pessoas especiais como você podem explicar tudo isso e muito mais. Tem sido um processo demorado de readaptação.Nunca refleti tanto sobre a sua passagem aqui pela terra como neste último ano. O resultado são mais perguntas que respostas, mas estou aos poucos suprimindo o sentimento de inconformação e apenas aceitando a idéia. Mas o vazio ainda está lá...

Não sei se tem acompanhado daí, mas o mundo continua louco e doente, meu chapa. Daquele jeitinho que você o deixou. Mas ao meio de várias notícias desagradáveis, nesse dia que completou 1 ano, mesmo com a euforia da copa, meio mundo parou pra te homenagear. Bem ou mal, todos se esforçaram e pode ter certeza de que o seu recado foi mais que dado.Fica tranquilo que só dá você,agora!! Quando lembram de você, as pessoas param por um instante com aquele olhar encantado e esquecem dos problemas. Era uma das suas missões aqui, tão bem desempenhadas. Eu sonhava com o dia em que o mundo voltasse a reconhecer o seu trabalho e o grande ser que você é. Sonho realizado.

Já ouvi muita gente fazer gozação de mim, mas não canso de agradecer toda a sua devoção pela arte e o legado que nos deixou. Parte do que sou deve-se a isso. Aprendi a ouvir música escutando primeiramente os seus discos. Aprendi quando um cantor coloca a alma numa canção ouvindo você cantar e aprendi que uma simples canção e a sua mensagem têm o poder de mudar a vida de alguém. Aprendi que Deus existe vendo maravilhas da natureza (que você tanto nos alertou para a sua preservação) e vendo figuras iluminadas, extraordinariamente dotadas de talendo como você. Enfim, aprendi que humildade, amor e respeito são virtudes que nos levam a um mundo melhor. Tudo isso acompanhando a sua mensagem, a sua vida.

Sendo um discípulo tão fiel da sua arte e consequente e reconhecidamente uma boa pessoa, confesso até ter me esforçado pra sair da linha um pouco, fazer umas maldadezinhas, mandar tudo se explodir de vez em quando, enfim, ser um pouco miseravão. A verdade é que você era bom demais pra esse mundo. Pode ser coincidência, mas para mim, as pessoas boas demais para esse mundo vão embora muito cedo e morro de medo de sofrer desse “mal”.

Mas vamos sorrir!!! Vamos nos divertir, pois afinal essa é uma das coisas mais deliciosas que você nos ensinou, principalmente quando era O Michael Jackson da vida real, seu moleque! Não vou deixar nunca de ouvir as suas gargalhadas e ter a imagem do seu sorriso na minha mente! Você é o cara!!!

Espero que esteja se divertindo horrores por aí e se tiver alguma forma de contato imediato ou sinal, fico no aguardo!

Um grande abraço e saudades!!!

P.S - AAAAOOOWWW!!

quarta-feira, junho 23, 2010

Estoporando Tudo!!



Um dia desses martelou a minha cabeça aquela palavrinha que tanto escutava desde criança e agora não a encontro nem nos dicionários de termos regionais. Pelo menos com o significado que ela sempre teve pra mim.

ESTOPORAR!!!!!

Cresci ouvindo a minha avó reclamando quando a gente tomava banho quente, só vestia um short e saía bra brincar na rua no “vento frio”.

-Faz isso não, menino!! Você vai estoporar!!!

Certa vez num dos meus trabalhos passados (um hotel), um cliente fez uso da sauna por 1 hora, saiu de lá tinindo e deu um revigorante mergulho na piscina de água fria. De lá do fundo da piscina não saiu mais. O homem morreu, e além de muita comoção causou um enorme trabalho pra todos que estavam no plantão. A parte mais interessante naquele final exaustivo de expediente, foi ouvir os relatos dos garçons, cozinheiros e até seguranças que lá estavam e pararam tudo pra fazer aquela roda ao redor do defunto só dando pitaco. Cada um tinha uma teoria para a causa da morte do coroa. Uso irrestrito do viagra, suicídio devido a uma discussão com a namorada e até afogamento (no raso) foram apenas algumas das supostas causas relatadas.

O mais interessante foi um garçom, Sr. Edivaldo, o rouco, que deu o diagnóstico ainda lá no local quando a equipe de paramédicos tentava reanimá-lo:

-Morreu estoporado!! Onde já se viu sair da sauna, nesse calor disgraçado e cair de vez na água fria?? Estoporou!!!

Meses depois, quando o resultado da perícia técnica e autópsia saíram, o assunto foi o tema de um dos cursos na área de segurança do trabalho que davam lá na empresa. O homem fazia uso de alguns medicamentos controlados. Era cardíaco e teve um infarto fulminante. A a possibilidade do choque térmico ter desencadeado tudo foi mantida. Quando falaram isso, o garçom Edivaldo, com a sua voz de resfriado, saiu de lá radiante, realizado da vida!!

-Tá vendo que falei??? Morreu estoporado!!

É, pessoal!!! Todo cuidado é pouco!! Depois dessa lição sobre estoporamento, fiquei muito mais cauteloso, pois canso de tomar café quentíssimo e depois ir escovar os dentes com a água fria. Minha avó sempre disse que isso ia me deixar com a boca torta e o esmalte dos dentes iam “estralar”. Vai que acontece de verdade, como com o finado hóspede?

terça-feira, junho 01, 2010

Fone de Ouvido


De repente, todos naquele cantinho do trem tinham algo em comum. O adolescente imberbe, sério e distante. Passa a mão levemente na base do nariz e com olhos baixos faz aquele típico gesto, examinando as pontas dos dedos. Alguns disfarçam melhor, mas naquele estado de dispersão, o garoto até que se saiu bem discreto. O que estaria escutando naqueles fones de ouvido? A senhora logo ao lado, com seu moleton azul, deixando aparecer no pescoço um escapulário com a minúscula imagem da Nossa Senhora de Guadalupe. Por trás daqueles óculos de grau fortíssimo congelados no infinito, uma fisionomia cansada e triste. Com seus fones plugados na concavidade auricular, ela também escutava algo. O que seria? E tinha aquela jovem mascando chiclê compulsivamente. Seus olhos expressivos e cabelos ruivos. Era gordinha e linda aquela jovem. Os seus olhos pareciam já sorrir, antes mesmo dela pôr os dentes à mostra. E ela sorriu! Ela e seus fones de ouvido. O que estaria escutando aquela jovem?

Maurício Sampaio

O poder curativo do pó de café



Mais um mito concretizado de quando eu era criança pequena lá longe, bem longe, perto da casa da porra, em Salvador....

Certa vez, o Muruim, um menino que era o capeta em figura de gente,brincando de correr em casa, tropeçou e caiu com a testa na quina pontuda da mesa de centro da sala de estar.

Pânico geral! Em casa, só as crianças e a Dona Edna, empregada responsável por manter a ordem do lar. O menino desesperado chorando e gritando, se esvaindo em sangue. Ninguém enxergava direito o ferimento, tamanha a quantidade do vermelho fluido que jorrava insistentemente da testa. Era uma imagem aterrorizante para as crianças, que gritavam copiosamente.

Dona Edna, muito nervosa, liga pros pais do menino e recebe aflita algumas instruções para chamar por socorro. Na tentativa de estancar o sangue, passa água no local sem sucesso. Enrola um pano. Pior ainda. Logo tava tudo manchado de vermelho. O sangue não parava de jorrar. Ela respira fundo e tudo se ilumina! Lembrara do melhor remédio para estancar sangue que poderia existir! Esse fora inúmeras vezes usado desde os tempos de infância da sua avó, lá da cidadezinha do interior de onde veio.

Ela vai até a cozinha correndo e volta esbaforida com uma vasilha plástica em mãos.Dentro daquela vasilha havia um conhecido pó escuro. As crianças chorando assustadas, pararam por um instante seguindo cada passo da Dona Edna. Com veemência, ela segura o garoto pela cabeça, aplicando-lhe na testa dois generosos punhados de pó de café. Aquilo criou uma estranha papa marrom avermelhada na testa da criança. Mais uma generosa talagada na testa e o sangue em instantes estava estancado.

Difícil descrever a imagem do rosto da criança naquele momento. Era uma mistura de sangue, café, lágrima... parecia uma face enlameada, saída de um mangue com a adição de alguns detalhes, cores e texturas. Passada a fase crítica dos primeiros socorros, ela ainda teve tempo de vestir o menino, despachar as demais crianças da vizinhança para fialmente pegar um taxi até o pronto socorro. Lá, mesmo após tamanho esforço e profissionalismo, teve os seus métodos assépticos e estancatórios duramente criticados pelos médicos e posteriormente pelos pais do Muruim. Felizmente, não houve maiores consequências. Ela permaneceu empregada por anos na mesma casa e o Muruim permanece vivo até hoje, sem sequelas.

Defendo aqui, mesmo muitos anos depois, a nobre atitude da Dona Edna. Afinal, o sangue estancou ou não estancou? Dentro do seu alcance e conhecimento técnico, ela fez ou não o correto? Será que se a sangria continuasse, o menino chegaria com vida ao hosital? Ela merece um prêmio por ter agido bravamente e recorrido aos bons e infalíveis métodos da sabedoria popular. Parabéns, D. Edna!!! E fica a lição para a próxima situação de emergência sem recursos imediatos. Pó de café pra estancar!!!

Bienal

Há tempos que eu não escutava esta loucura de composição. Hoje ela me inspirou, e como agradecimento aos mestres Baleiro e Ramalho,aqui vai o vídeo (não oficial) e a letra.



Bienal
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

sexta-feira, maio 14, 2010

Da série Hotelaria...

Foto meramente Ilustrativa

Quando a gente pensa que já viu de tudo num hotel, eis que surge uma pérola.

Sabe quem é o capitão porteiro? Aquele cara em trajes super elegantes que fica recepcionando os hóspedes e coordenando o trabalho dos mensageiros em hotéis maiores e mais chics?? Dia agitado na frente do hotel. Acena para a fila de taxis, tira bagagem de um carro, orienta o manobrista, chama a atenção do menino da limpeza, que não havia dado a merecida atenção aos vidros da imponente porta giratória. Lá ia o Capitão Porteiro no seu agito. Brincadeirinhas com os colegas, pausa pra piadas e até tempo pra bater o olho no caderno de esportes do dia. Tudo parecia na mais perfeita rotina, quando o inesperado acontece.

Um hóspede, no mais alinhado terno, mala de executivo numa das mãos, celular ligado, tratando de assustos profissionais do outro lado. Sai dos elevadores, atravessa elegantemente o lobby do hotel. Faz algumas observações em relação à arrumação do quarto para o recepcionista e segue o seu caminho rumo a porta de saída, para mais um dia de negócios.

- Você aí!! (aponta para o capitão porteiro)

- Pois não , Senhor!! (Olhar de prontidão, ainda sem surpresa.)

- Poderia fazer a gentileza de calçar as minhas meias??

Ainda que não transparecendo (como todo bom hoteleiro que esconde as mais diversas expressões por trás daquele sorriso padrão), mas relutante, achando tudo aquilo super estranho, o capitão concordou em executar a tarefa. Afinal, apesar do desnecessário pedido, seria algo rápido e apenas uma cortesia a mais nessa vida de servir e tratar com excelência e hospitalidade, típica da profissão.

Por trás daquela aparente normalidade e elegância, havia um hóspede sem meias. Quando ele esticou um pouco a calça fazendo subir a bainha, as suas alvas canelas ficaram à mostra e as meias penduradas na mão que carregava a maleta agora eram evidentes. O capitão se agachou e dali em diante a cena foi embaraçosa. O hóspede folgado lá em pé, ao celular, meio que sambando e saltitando num pé só, orientando o pobre rapaz e se desequilibrando a cada empurrada de meia que recebia no pé. Durou muito mais do que o previsto e chamou a atenção dos que por ali passavam. Difícil de acreditar. Os taxistas fecharam a rodinha e pararam as suas conversas paralelas com aquele sorriso maroto, aguardando o capitão já completamente suado sair da sua tarefa, para recebê-lo com uma sova de gozações.


Não bastasse toda a situação ter acontecido e o tema da hora na rádio peão ser somente este, no dia seguinte, no mesmo horário, o mesmo hóspede chega lá procurando pelo capitão pra calçar novamente as suas meias. Dessa vez ele escondeu-se. Já não tento mais compreender o que se passa nas idéias e comportamentos de certos tipos mais esdrúxulos. Só é certo que depois disso tudo, o capitão em questão adquiriu mais uma, para a suainúmera lista de atribuições: Especialista em calçar meias em hóspedes.

terça-feira, maio 11, 2010

Pergunta que não quer calar...



Aqui me reservo o direito de não comentar nada além do que mais curti nessa divertida historinha.Primeiro, a psicopata Rainha Vermelha e seu chavão preferido: "Cortem a cabeça!!!!!!" Uma verdadeira carnificina!!

Segundo, a atuação magnífica do Johnny Depp na pele do Chapeleiro Maluco, e a sua tão esperada e louca dança final. Por último, a famosa pergunta que não quer calar, numa ordem que pode não estar como a apresentada na película: Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?????

Tá certo... aquilo ali é uma metáfora para as coisas que não têm resposta na vida. Elas apenas são como são e devemos aceitá-las. Mas para um público predominantemente infantil, será que houve compreensão ou os guris estão enlouquecendo até agora com o enigma?

Não estranharei muito se algumas crianças com tendências depressivas começarem a se matar após assistir a nova versão de Alice no País das Maravilhas.

No mundo maluco em que vivemos, tudo é possível. Inclusive um post ridículo como esse, típico de quem não tem coisa melhor para falar.

quarta-feira, abril 21, 2010

A vida é quase bela...



Era uma tarde de muito sol em SP. Na subida de uma longa escadaria metálica que dava acesso a uma estação de trem, lutava para manter-se em pé um cidadão completamente alcoolizado. Encharcado de suor, o rosto com vários hematomas e sangue de quedas, provavelmente sofridas há poucos instantes. Praticamente rastejava e não tinha força suficiente, já quase pendurado no corrimão, para chegar ao seu objetivo.O seu semblante não lembrava a característica feição de quem bebe por vício ou para viver fora da realidade. Mesmo alterado, ele parecia muito preocupado, confuso e até envergonhado.Parecia apenas querer voltar pra casa (sim, a impressão que tive era a de que ele tinha um lar) e acabar com aquela cena.


Naquele mesmo instante, sobe as escadas um jovem com a sua filhinha de mãos dadas. A garotinha, na curiosidade dos seus 4 ou 5 aninhos, pergunta ao pai assustada observando, o que teria aquele homem, que não conseguia subir as escadas. O pai surpreendentemente, ao invés de arrastá-la para longe da cena como muitos o fariam, ficou ali com a criança, bem pertinho do bêbado “agonizante”, explicando, fitando-o e quase dialogando com o mesmo:


- Ele está assim, filha, porque não comeu direito de manhã. Ele ta fraco, tá vendo? Não consegue subir as escadas. Logo ele vai melhorar!


O bêbado consegue subir mais uns degraus. Curiosidade defeita, a garotinha retoma o seu destino convencida com a explicação do pai.


Uma cena cotidiana, até inusitada, mas que me transportou.O papel daquele jovem pai, com atitude tão simples foi encantador. Foi como assistir ao filme “A Vida é Bela”. Aquele que se passa na Segunda Guerra. O pai judeu, simples, amoroso e espirituoso que consegue manter a visão inocente da sua criança, fazendo-a crer que o campo de concentração era uma grande brincadeira. Pensei muito sobre a relação entre pais e filhos. Fico feliz por compreender cada vez mais um pouco o que significa esse amor incondicional. E no pouco tempo de prática da minha “independência”, longe deles, me vejo fazendo algo semelhante, tornando as coisas as vezes mais brandas afim de tanquilizá-los. O mundo é cruel, e eles já sabiam disso antes da nossa existência. Respeitemos os nossos velhos e verdadeiros sábios!!


Maurício Sampaio

sexta-feira, abril 09, 2010

Sal que desce suave...



Imagine a cena. Você vai comer em qualquer restaurante, lanchonete ou afim e a comida está sem sal. Pergunta ao garçom o que está ocorrendo. Ele te informa que a comida realmente é preparada sem sal, que é adicionado ao gosto do freguês. Legal a inovação!! Aí você pega o famoso saleiro, geralmente ali no meio da mesa e nesse exato momento começa a ser travada a famosa guerra "
você versus saleiro" .

Na primeira e melhor das hipóteses, se o utensílio te ajudar , você vai dar umas balançadas assim com um pouco de força e vai conseguir despejar, mesmo de forma não uniforme, o conteúdo do sal no seu prato. Agora, se o bichinho tiver entupido é sofrimento. Acompanhe apenas algumas das diversas variações que podem ocorrer:

1 - Você bate no fundo dele com bem força, com o bico apontado para a comida, o bico abre e cai aquela quantidade estúpida de sal no alimento, estragando com tudo.

2 - Você bate no fundo dele e faz diversas tentativas. Alterna batidinhas do fundo do saleiro na mesa, chamando inclusive a a atenção dos demais clientes. Nada acontece e você acaba desistindo de salgar a comida. Inventa que tá com a pressão alta ou fazendo regime e degusta uma comida insossa.


3 – Você é do tipo MacGyver. Tenta dar todo tipo de sacudida e batida, mas constata que os furinhos do bico estão entupidos. Tem a incrível idéia de pegar um palitinho e desentupir os furinhos, um a um. Se funcionar, beleza. Caso negativo, se for persistente, passe para o passo 3.1.


3.1 – Continua entupido mesmo com a técnica anterior. Você desenrosca a tampa do saleiro, dá umas batidinhas nela prqa remover todo o resíduo de sal empedrado que ali se encontra. Tira até metade dos grãoes de arroz que já não ajudam mais. Depois monta todas as peças e finalmente consegue ter uma refeição salgadinha.


4 – Você tenta usar o sal e não consegue, chama logo o garçom pra que o mesmo providencie outro saleiro. Nessa aqui lamento informar que inevitavelmente todos os saleiros estarão do mesmo estado que os anteriores. O garçom vai se virar lá e tentar fazer o melhor que pode.


Eu fiz esse arrodeio danado só pra lembrar o nosso dia-a-dia com o saleiro. Vivenciei há pouco tempo uma situação completamente diferente na Argentina. Lá, geralmente a comida tem que ser salgada pelo cliente na hora. A minha surpresa foi notar que há uma manutenção rigorosa dos saleiros ou o sal utilizado é muito mais seco que o nosso. Não parei para pesquisar, mas o fato é que lá foi preciso reeducar-me ao utilizar a ferramenta. Não precisa dar batidinha nem aplicar nenhuma das técnicas descritas. Basta deixar o saleiro inclinado suavemente e logo notar um filete de sal descer de forma contínua. Daí basta espalhar por toda a comida e pronto!!!
Sensacional!!!

Era uma imagem linda!! Eu ficava brincando de despejar sal nas coisas. Até consegui tirar a foto acima, depois de algum trabalho. Taí... as pessoas voltam falando maravilhas das belezas naturais, cultura e patrimônio dos locais onde visitam. Não vou fazer diferente depois da minha visitinha a esse país encantador, mas pra ser original, da Argentina, eu fico pro resto da minha vida com a lembrança do sal . Lá ele funciona muuuuito melhor!!! Hihihhihi

Dominó acompanhado de vara mista – Recordações



Um dia desses veio à tona uma agradável lembrança do meu tempo de adolescente. Um fato que tornou-se cotidiano por quase 1 ano inteiro. Coordenados por um grande amigo nosso, porteiro do prédio, de alcunha Thor, sempre no fim da tarde no seu horário de descanso, começava a mobilização para mais uma partida de dominó. Decidido o local, que quando não era a casa de algum dos membros da roda, era o playground do prédio, dava-se início à rodada, repleta de alegria, gozação e com um vocabulário próprio para os movimentos da jogada, a exemplo das peças “fedendo a pica”, que fechavam um jogo.

Isso transformou simples adolescentes em mestres na arte do dominó. Qualquer um de nós que encostasse num desses grupinhos de senhores aposentados que passam horas a fio praticando nas esquinas ou pracinhas, certamente não seria bem recebido, tamanha a habilidade para vencer e malandragem que haviam sido desenvolvidas.

Com alguns minutos de jogo, chegava a hora de ir à padaria, para dar início ao que era uma das grandes atrações nos momentos da jogatina . Fazíamos um rateio diário afim de levantar fundos para a aquisição dos ingredientes da famosa vara mista. Para quem não conhece, era um super sanduíche preparado de maneira tosca, da seguinte forma:

*2 varas de pão. É como um pão francês, mas de tamanho gigante.

*500g de manteiga daquelas pesadas na hora e que vinham num saco plástico bem melado.

*500g ou quanto o dinheiro desse de presunto, apresuntado ou mortadela.

*500g ou quanto o dinheiro pagasse de queijo.

*1 bacia.

*1 colherão, peixeira ou espátula de pedreiro.

Para acompanhar, 1 garrafinha pet de 2 litros do refrigerante que tivesse disponível.

O preparo sempre era feito por Thor. Ele colocava a porção de manteiga numa bacia, abria os pães cuidadosamente e ia colocando infinitas camadas de queijo e presunto. Finalizada a etapa, chegava a hora da manteiga. Quantidades cavalares eram retiradas da bacia com uma faca, colherão ou espátula de pedreiro, passadas de uma extremidade a outra do pão. As vezes a ferramenta caía no chão, mas o Thor tinha um jeito peculiar de dar uma batidinha na parede, fazendo que com isso a bactéria fosse toda embora. Fechado o pão, ficava aquela talagada de manteiga escorrendo e a grossa camada de presunto e queijo querendo insistentemente abrir os sanduíches, que finalmente eram serrados em partes iguais entre os membros presentes.

Dali em diante era só degustar os generosos pedaços de sanduíche e retomar a partida. Até o início do anoitecer ainda iam acontecer muitos xingamentos, armações, piadas, trotes telefônicos, dominó, conversas descompromissadas, gargalhadas e principalmente muita vara mista. Assim foram as saudosas tardes de 1999. A nostalgia sempre aparecendo pra dar o ar da graça.