terça-feira, dezembro 21, 2010

Michael

Imagine a seguinte situação: Você é um artista, perfeccionista ao extremo e de repente vê o seu arquivo secreto de obras inacabadas sendo aberto e retocado por um grande time de profissionais, que têm carta branca para fazer o que quiserem com a sua obra, desde que cumpram o prazo do lançamento para a época de vendas do natal.

Bom, isso é mais ou menos o que está acontecendo. A Sony Music lançou na semana passada o álbum “Michael”. Uma coleção de 10 músicas não necessariamente novas, mas que o Michael Jackson deixou incompletas ou sem um toque final de produção. Muitas delas foram simples descartes, já outras talvez fossem cartas guardadas para futuros projetos. Antes mesmo de ser lançado, o disco já levantava polêmicas sobre a autenticidade dos vocais de algumas canções. A família do cantor reforçou a tese dizendo que realmente era um “sósia” que cantava em algumas faixas e pronto!! Mais uma vez, criado o rebuliço. Do mesmo jeitinho que o Michael fazia quando estava perto de iniciar um trabalho de divulgação.

O fato está dividindo os fãs. Há aquela corrente que acredita estar escutando Michael no mais puro estado e escutaria ainda que fosse um sósia cantando. Uma simples recordação e reaproximação com o ídolo já valeria a pena. Há também os mais radicais, que acham um crime consumirmos este tipo de som distorcido e de autenticidade duvidosa, fruto da ganância das gravadoras e quebra total de privacidade. O detalhe é que para saberem que era lixo, eles tiveram de escutar, comprando o álbum ou baixando as músicas. Então, já são pecadores também!! Rsss.. Alguns dizem que se Michael Jackson escutasse o que estão fazendo com as suas músicas, morreria de novo. Eu concordo em parte com todos.

Eu acho sim, que na garimpagem tem muita coisa que não chega a ser empolgante, mas bastante interessante. Seria uma pena os fãs ficarem sem conhecer algumas dessas pérolas. Realmente, há pelo menos 3 canções que levantam seríssimas suspeitas sobre quem realmente está cantando. O trabalho de reconstrução que fizeram em algumas também descaracterizou a marca registrada de Michael. Exageraram na dose das interferências, não sei se com a melhor das intenções. O fato é que seria mais válido em alguns casos apenas colocar as demos cruas no CD. Seria mais autêntico.

O resto é o bom e velho Michael, num repertório que dosa canções dançantes com a energia de sempre e outras mais lentas, excelentes. Vale o dueto com o cantor Akon na música Hold My Hand, que vazou há 2 anos atrás, mas está com nova roupagem. Muito intrigante a parceria berrante dele com Lenny Kravitz na roqueira Another Day. Monster é uma faixa contagiante que ficou engavetada e vale a pena uma conferida. De resto, Keep Your Head Up (maravilhosa, mas que ainda não me convenceu 100% de que é o próprio MJ cantando ), Much Too Soon e Best of Joy são um verdadeiro presente de natal antecipado.

Best Of Joy tem um sentido todo especial. É a única da safra de canções que Michael estava compondo pouco antes de partir. Fez o meu coração acelerar com a sua letra que fala de amor, simples e puro. Intensa, emotiva, cativante, poderosa. Uma clássica de Michael Jackson, como há tempos não surgia. Grudou desde a primeira escuta e não sai daqui da minha cabeça há 5 dias. E isso tem me deixado feliz demais!

Após tamanha análise, digo que se não fosse a paranóia instalada, eu estaria delirando até o momento com esse CD, pois é uma excelente prova de que por menos inspirado que estivesse, MJ tinha o poder de fazer brilhar tudo o que tocava.“Michael” , é o tipo de álbum que deve ser escutado. Afinal, nunca é demais lembrar desse cara!!

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