terça-feira, junho 01, 2010
Fone de Ouvido
De repente, todos naquele cantinho do trem tinham algo em comum. O adolescente imberbe, sério e distante. Passa a mão levemente na base do nariz e com olhos baixos faz aquele típico gesto, examinando as pontas dos dedos. Alguns disfarçam melhor, mas naquele estado de dispersão, o garoto até que se saiu bem discreto. O que estaria escutando naqueles fones de ouvido? A senhora logo ao lado, com seu moleton azul, deixando aparecer no pescoço um escapulário com a minúscula imagem da Nossa Senhora de Guadalupe. Por trás daqueles óculos de grau fortíssimo congelados no infinito, uma fisionomia cansada e triste. Com seus fones plugados na concavidade auricular, ela também escutava algo. O que seria? E tinha aquela jovem mascando chiclê compulsivamente. Seus olhos expressivos e cabelos ruivos. Era gordinha e linda aquela jovem. Os seus olhos pareciam já sorrir, antes mesmo dela pôr os dentes à mostra. E ela sorriu! Ela e seus fones de ouvido. O que estaria escutando aquela jovem?
Maurício Sampaio
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2 comentários:
Pois é... o que?
Esse hábito, como tantos outros da contemporaneidade - ex.esse que executo agora - só tem feito minar as poucas oportunidades que temos de fazer contato. Desconfio do valor de toda essa liberdade.
Nossa, me senti lendo o início do livro 'A menina que roubava livros'. huahuahauauhauhuahua
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