terça-feira, dezembro 04, 2012

Festa de fim de ano na empresa...




Seu Joooooorgeeeee!!!!!!!!!!!!!!!

É seu Jorge quem vai tocar na festa de fim de ano da empresa onde trabalho! Já estou imaginando aquela galera pra lá de Bagdá quebrando todas ao som de “ Burguesinha” ! Quando ele tocar o tema de abertura da novela “Salve Jorge” então, só polícia pra conter os ânimos!

Não sei se é porque eu venho de uma cultura onde a festa é algo mais cotidiano, sendo que  uma  a mais, uma a menos, não faz tanta diferença assim. O fato é que em São Paulo, ainda me choco com a  expectativa que se cria em torno da festa de final de ano pela empresa.Tudo o que eu ouvia falar no primeiro emprego que tive por aqui, volta e meia remetia a este esperado momento. Até as típicas fotos que ilustravam as equipes em todos os setores eram as  tiradas na festa de fim de ano. Gente fantasiada, muitos risos e copos de bebida nas mãos.

O auge de tudo isso, foi justamente a inspiração para este escrito:   Uma colega saiu do banheiro informando ter presenciado o diálogo entre duas moças. Uma delas tirou férias há 2 meses para pôr próteses de silicone, esperando estar turbinada exclusivamente para a festa . A outra, já tinha comprado o vestido e tudo. Então, repito, somente para fazer um comparativo, é  uma expectativa quase como a do carnaval, para os baianos. Os preparativos para o próximo evento  começam a ocorrer imediatamente após o finalzinho da folia. TODAS as fichas são postas em jogo neste momento.

Eu gostaria muito que  as festas de fim de ano em empresas fossem  somente boca livre e quebradeira. Sem testes que medissem o nosso grau de compostura.  Já soube de algumas destas confraternizações, onde o próprio diretor se portava como anfitrião. Ele se encarregava de fazer o povo socializar, enchia os copos de todos, fazendo questão que ficassem felizes com a bebida,  dançava, azarava, puxava o trenzinho,  quebrava até o chão, subia na mesa fazendo simulação de striptease,  tomava o microfone do cerimonialista, etc. Seria a felicidade geral de todo peão que vê este raro momento do ano como a oportunidade de alforria, de descarrego, mas infelizmente na prática não é bem assim. Algumas empresas estão de olho em todo tipo de comportamento dos seus colaboradores nestas ocasiões. Algumas ocorrências na festa, do mesmo modo que podem não ser levadas ao ambiente organizacional posteriormente, podem pesar em avaliações e na pior das consequências, no desligamento do integrante.

Para muitos, é uma grande luta se manter firme e sóbrio. Do peão menos qualificado até o diretor de mais alto escalão, qualquer um está sujeito a pagar um mico daqueles. Basta ser tomado em algum momento  por aqueles pensamentos do tipo  “ vamos relaxar, vamos descontar o que sofremos na mão dos nossos superiores,  pelo aumento e promoção que não tivemos. Que se dane!!”. Junte isso a uns goles de uma boa bebida, uma musiquinha legal e está feito o miserê!!!

Participei de uma memorável festa, onde  uma moça virou celebridade ao comparecer num micro vestido e fazer questão de subir ao palco para cantar uma música. No finalzinho, teve também ambulância na porta para socorrer  três colaboradores  com quadro de coma alcoólico. E o mais grave foi uma galera que ficou presa no elevador por excesso de capacidade. Todos travados na cachaça, já sem a menor noção de compostura, começaram a pular dentro do elevador aos gritos de  " vai cair, vai cair...vai cair!!! .."  . Um dos maiores chefões do corporativo estava dentro do Elevador e muitos dos arruaceiros não fizeram muito caso da sua presença (talvez nem o tivessem notado) no momento do pula pula no elevador. Coincidência ou não, no mês de Janeiro seguinte, tivemos  uma série de cortes sem motivo aparente. Vale lembrar que a garota celebridade foi para um novo projeto, dizem as más línguas, melhor que o seu anterior.

Como bom senso não é uma coisa que está presente em todos, e como na maioria das festas de fim de ano, as empresas exigem uma postura “aceitável” dos seus colaboradores,   recomendo a leitura de algum manual de boa conduta para este tipo de ocasião, afim de evitar possíveis deslizes . Agora, se você está numa rara empresa que adota uma postura liberal neste momento do ano, aproveite, encha a sua cara do mais puro álcool, desça até o chão, saia somente na LAMA,  pois a vida é breve !!  Eu, sem sombra de dúvidas, estarei aproveitando o melhor momento de todos: As  resenhas e comentários do  dia seguinte!

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Marcas que não se apagam




Em caminhada no último sábado pela vizinhança, me deparo com uma curiosa gravura (stencil) de um rosto estampado num poste. A tinta escorrida deixava a leitura um pouco demorada, mas lá podemos ler: “ Mortos e desaparecidos políticos – Isis Dias de Oliveira * 1941 Ɨ 1972 " . Um pouco mais adiante, numa praça cercada por imponentes árvores centenárias, que com as suas imensas e protuberantes raízes deixavam o ambiente sombrio e com ar fúnebre, temos uma discreta lápide em homenagem à mesma Isis Dias de Oliveira.

Mil questionamentos vieram à mente no mesmo momento. Teria sido a Isis uma moradora daquela pacata Rua Corrientes, no Alto da Lapa? Segurei um pouco a curiosidade até chegar em casa e pesquisar. Realmente estamos numa era cheia de vantagens! O pai Google me deu tantas respostas instantâneas que fiquei leve de gratidão. A jovem foi uma combatente. Tinha 31 anos, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), desaparecida em 1972.

Os relatos são inúmeros em diversos sites que tratam do assunto. Comovente e angustiante o acompanhamento de  toda a peregrinação da sua família frente a todas as instituições possíveis e imagináveis, por anos a fio, sem o mínimo esclarecimento. As pouquíssimas pistas, que reacendiam as esperanças e retomavam o ciclo desesperado por novas informações e as ínfimas vitórias da sua mãe com uma carta de contestação sua publicada na época pelo jornal “ O Estado de São Paulo”. Informações extraoficiais trazem indícios do seu desaparecimento e morte, mas até o momento (40 anos depois) não houve um pronunciamento. São as marcas da ditadura, da tortura, que permanecem vivas até hoje.

Fazem grande trabalho os muitos grupos que não deixam episódios como este caírem no esquecimento. Nas suas agendas, sempre há algum tipo de movimentação que regularmente lembra o caso de Isis e mais outros diversos militantes que desapareceram no mesmo período sombrio. “Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça.”

Num simples passeio mais atento pelo bairro, tive um pouquinho de aula de  história, cidadania e o meu reconhecimento e respeito reforçado por todas as famílias que sofrem com a dor do desaparecimento de um ente querido, não necessariamente os que desapareceram na Ditadura, mas todos os milhares de casos que aguardam um esclarecimento. Para estes guerreiros, aqui deixo um pouco da minha Força e fé!  E a esperança que em breve as perguntas e dúvidas sejam devidamente substituídas por informações, sejam elas quais forem.

---->F. Mauricio Grabois

---->Rede Democrática