terça-feira, janeiro 26, 2010

Avatar


Se alguém me perguntar qual a minha referência para assistir a este filme eu vou citar as mínimas possíveis. Vi apenas o trailer na TV, não me intimidando muito com o caráter megalomaníaco do mesmo. Toda promoção ou crítica que utiliza expressões como "o filme mais aguardado do ano", já me deixa com certa desconfiança. O meu receio maior era encarar uma orgia de efeitos especiais e conceitos desconexos ou complexos demais para a uma compreensão imediata. Felizmente o filme é leve e fácil.

Mesmo assim, não concordo com o encantamento em relação à inovação tecnológica que tanto alarde fizeram por aí como se o diretor tivesse criando algo completamente inédito. Tudo bem! O diretor, James Cameron conseguiu criar cenários magníficos. Um novo mundo, novas criaturas humanóides, novos animais, novas florestas, mas tudo tendo por base o que já conhecemos aqui no mundo real e também na ficção. Ele repetiu uma façanha que George Lucas executou em 1977 criando o primeiro episódio de Guerra nas Estrelas, com todas as limitações técnicas da época. Posso até concordar que é uma obra deslumbrante e poderosa. Mas visualmente revolucionária, não sei não, apesar de toda a riqueza de detalhes.

Basicamente a historinha começa em 2154 com o planeta Terra todo detonado. A nossa esperança é a aquisição de um mineral raríssimo que só existe na lua de Pandora, e os humanos tentam tomá-lo à força, infiltrando-se nesta comunidade por meio de seres similares aos nativos (avatares), mas conectados cerebralmente a seres humanos, abusando dos indígenas que lá habitam, os Na’Vi. A mensagem aparentemente básica, mas que para mim não se torna cansativa de forma alguma. É mais uma vez o homem dizimando, acabando uma civilização e o seu meio ambiente em nome da "riqueza e prosperidade". É um choque bruto entre civilizações.

Em tempos de tragédias naturais decorrentes direta ou indiretamente do aquecimento global e da recente fracassada cúpula do clima em Copenhague, o tema central do filme ganha um tom bastante oportuno. Confesso que saí meio decepcionado com a minha condição de ser humano. Oh raça desgraçada e pouco evoluída essa nossa, principalmente se comparada aos Na´ Vi, que como todo bom índio vive em harmonia total com os seus semelhantes e com o meio ambiente. Rssss...

Ah, minha linda Pandora!!!

O que mais fascina no mundo magnífico de Pandora é justamente a imersão que ele nos proporciona. Pra quem assistiu a versão do filme em 3D então, é estupenda e fascinante a quantidade de cores, de formas, a possibilidade de tentar pegar um floco de poeira, mosquito ou flor que tentam pular da tela a todo instante. Acompanhar nossos heróis ao meio de escaladas, fugas, mergulhos, vôos, cada segundo de encantamento, de evolução, de paixão do personagem principal por se sentir parte integrante de uma nova realidade. Enfim, é pura leveza e magia.

Assistindo Avatar, voltamos a ser crianças novamente e este, para mim, é o maior mérito de uma obra de entretenimento. O escapismo, a fantasia!!! E é aí que precisamos bater palmas para o nosso amigo James Cameron e equipe, pois a vontade que nos dá na hora é ter o nosso próprio avatar, viver no mundo de Pandora para sempre, esquecendo de uma vez por todas essa nossa vidinha cheia de problemas e complicações, típicos da existência humana.

Carurivis X Sururivis X Scooby-divis


Pelo amor de Deus!!! Anhangabaú, não!!!

Anhangabaivis.........

Grajaú, nem pensar!!

Grajaivis...............


Bem que eu queria dizer isso em alto e bom som ao ver o povo daqui de SP falando tantas palavras “perigosas” assim naturalmente. Até hoje sinto vontade de me proteger quando vejo o povo falando Carandiru, Anhangabaú, etc... assim, sem o menor receio.

Deixa eu explicar: Como um bom baiano, morando em Sampa há poucos meses, convivo diariamente com um imenso choque linguístico/malandroso/cultural aqui na megalópole.Na minha terra, baiano que é baiano com um mínimo de malandragem, se protege rapidamente de qualquer rima maldosa. Portanto, jamais falamos palavras que terminam com a sílaba tônica nas letras Ú (Pitú), ÁU (Cacau), ÃO (canhão). Corremos o risco de nos deparar com um baiano miseravão, que vai soltar na mesma hora uma frase com rima poderosa que dói no fundo da alma.

Sendo assim, há um bom tempo foi criado um artifício lingüístico bastante interessante, que corre solto no vocabulário de baianos mais precavidos. O sufixo IVIS substitui a sílaba tônica que permite te desmoralizar na frente dos outros. Então, seguindo o exemplo e sempre raciocinando rapidamente, temos:

Baiano que se protege jamais come caruru. É carurivis!!!

Baiano retado, na praia ou em qualquer ocasião nunca toma caldo de sururú (*lá ele!!!). É caldo de sururivis!!!

O baiano de férias e com pouco dinheiro, viaja pra capital de Sergipe, pertinho da Bahia. Aracajivis!!!

Pode soar estranho, mas ao invés de fazer Luau (que sempre acaba em pagode), alguns baianos fazem Luivis.

O cúmulo dessa brincadeirinha foi quando estava batendo papo numa roda de amigos (aqui vai a homenagem à confraria dos abduzidos da GR Sauípe) até lembrarmos do desenho animado Scooby-doo. Impressionante, mas ele também passou a se chamar Scooby-divis.

Espero que após os exemplos práticos tenha esclarecido de uma vez por todas como funciona a sistemática do sufixo IVIS. E se não fui muito explícito quanto às rimas para não baixar o nível do texto, é só pedir exemplos que terei o maior prazer em demonstrar posteriormente.

* Lá ele é uma expressão muito utilizada no baianês, com a finalidade de se livrar de algo indesejado. Possui o mesmo significado que " se saia de pobrema!" . É algo do tipo " Deus me Livre!"